“As pessoas não ganham pouco, apenas não sabem se planejar”. Antes que você proteste contra essa afirmação, saiba que ela não é uma mera opinião, mas fruto do estudo de um especialista. O economista Marcos Silvestre, autor do livro “Os dez mandamentos da prosperidade”, garante que, no Brasil, a maior parte da população tem o suficiente para viver. Ele admite que ainda existem no país indivíduos e famílias com renda muito baixa, perto da linha de subsistência. “Para essas pessoas, pouco há a fazer além de tentar ascender economicamente, passar a ganhar melhor”, afirma.
Segundo o economista, a população carente já não é maioria – e nem é a que mais reclama de ganhos mensais insuficientes. “O autoengano de pensar que se ganha pouco demais para viver sem dívidas está presente, sobretudo, na mente da classe média brasileira, que nos tempos atuais tornou-se a maior parte de nossa população. Esse pessoal tem, sem dúvida, renda suficiente para ter boa qualidade de vida, mantendo-se longe dos bancos e financeiras. É uma questão de se educar financeiramente para fazer a vida caber dentro do salário”, diz Silvestre.
Cinco perguntas
Para o economista, fundamental é aprender a gastar melhor, evitando desperdícios e desvios do poder de compra. “Quem fizer isso – garante Silvestre – conseguirá dar conta do dia a dia e, ainda, poupar, aplicar, ganhar juros e usar o dinheiro para poder concretizar grandes sonhos de compra e consumo pagando à vista e com desconto”.
Ele diz que, para aprender a gastar de forma mais consciente, toda compra tem que ser precedida de cinco perguntas: Eu quero? Eu preciso? Eu mereço? Eu posso? Eu devo? Apenas se a resposta for “sim” para tudo, é que a compra deve ser feita. O item “eu preciso” deve ter especial atenção, afirma ele. Um de seus “mandamentos” é “aproveitar tudo”. “Use o mesmo critério da vovó, que só trocava as ceroulas do vovô quando fizesse buraco de tanto usar, e buraco do tipo irremendável! Sovinice? Devo contraargumentar que, até mesmo do ponto de vista ecológico, essa postura de usar até gastar por completo faz muito mais sentido!”, diz ele.
Dívida não é normal
A dívida não deve ser encarada como algo normal, defende o economista. “E daí que os outros têm? Isso o isentará de pagar as suas? Dívida é querer ter antes de ter para ter”, afirma. Silvestre diz que o consumidor deve fugir do “truque do crédito rápido e fácil, mas caríssimo, que só nos torna um dos povos mais empobrecidos do mundo, com os bancos mais enriquecidos do planeta”. De qualquer forma, se for para fazer dívida, aconselha ele, procure tomar emprestado o menor valor possível, pelo menor prazo possível e com a menor taxa.
Mentes pobres
“Pensar pobre” é outro erro de quem vive reclamando do salário, afirma Silvestre. “A pessoa acha que ganha pouco demais. Daí se endivida. Paga juros e achata seu poder de compra. Então, não consegue poupar”. E, sem poupança, não consegue concretizar seus sonhos de consumo. “Quem pensa pobre, vive pobre”.